Você Lembra?

Fugíamos das grandes cidades, em épocas de Carnaval! Lembro que ainda jovem, reuníamos os amigos para organizar onde iríamos acampar. Não somente amigos como familiares, simplesmente fugíamos das confusões e barulhos das cidades grandes. E o destino, o mais votado, eram as praias de Santa Catarina.

Estas eram as preferidas. Tínhamos plenas convicções que iríamos descansar e de divertir muito. A natureza era quem nos chamava, era totalmente mágico, contávamos ás horas para chegar aqui. Muitos vinham para os Camping, chegavam cheios de tralhas e apetrechos aos acampamentos, alguns gostavam de mais conforto, então procuravam as pousadas nas redondezas . Quanto mais distante dos ruídos e da poluição, melhor seria. Víamos o céu estrelado como nunca de vê nos centros urbanos. Aqui na mata e no mar o silencio era alguma coisa indescritível.

Observatório do Paraíso 

A natureza: Foi ela quem me atraiu para Florianópolis. Não somente eu, como uma legião de pessoas de outras partes do mundo, que pensam e valorizam este mesmo lugar: Estamos observando o “paraíso” despencar, desmoronar como forte erosão, derrubando sonhos e a sua própria história. Atingidos com flechaços no peito de quem é nativo, de quem um dia idealizou e projetou sonhos, movidos pela paixão à natureza. 

Está tornando-se fonte de decepção, desilusão e descaso. “O lamento que transformou o paraíso, em pesadelo” atingindo os manezinhos que são os verdadeiros donos das histórias do lugar. Contos que nem sequer são registrados. Poderiam apelar para as escolas de samba. Daria excelente enredo.

Difícil será conter o crescimento acelerado dessa população, vários problemas sociais estão sendo mascarados e disfarçados entre as “belezas naturais sem iguais”, sem qualquer responsabilidade sustentável, cultural, econômica e social. 

O Carnaval passa, porém quem fica é quem pagará a conta. Estamos muito longe de ser uma cidade sustentável e organizada. Onde respeitar o meio social e cultural ainda parece ser contos e brincadeiras para o boi de mamão, dormir.

Mariza Ortiz Carvalho