Dois mil vizinhos de Bariloche implementaram uma campanha para limpar as cinzas que cobrem a cidade



A força tarefa para limpar Bariloche, vem inclusive de Florianópolis.
Perto de dois mil vizinhos da cidade de Bariloche saíram ontem às ruas com pás, carrinhos e vassouras para limpar as areias e cinzas vulcânicas do centro da cidade, em uma tarefa convocada instantaneamente desde as redes sociais na Internet. 

A iniciativa, batizada como “Bariloche, minha casa”, começou às 9.30 no Centro Cívico, depois do ato do Dia da Bandeira, onde se congregaram mais de mil vizinhos com ferramentas e elementos de limpeza.

Depois do Hino Nacional, desde os alto-falantes chamaram a quem ainda não tinha se registrado para ajudar, e difundiram as mensagens solidárias, gravadas por artistas como Ricardo Arjona, Ricardo Montaner, Luciano Pereyra, Sandra Mihanovich e Liliana Herrero, entre outros.

Os organizadores da rede “Rede Solidária”, o Clube Andino Bariloche, a prefeitura e outras entidades, foram distribuindo aos vizinhos em grupos de 20, com um coordenador, e ao mesmo tempo dividiram a zona do centro em setores com supervisores, cada um a cargo de dez grupos.

Desta forma, os diversos grupos  cobriram rapidamente uma superfície aproximada de 80 quadras e criaram  milhares de montanhas de material para serem retirados por caminhões da prefeitura e de empresas particulares que se somaram à campanha, e que depois transladaram a areia e as cinzas ao lixão municipal da cidade.

No centro da cidade a tarefa foi mais intensiva e incluiu as ruas, onde cafés e chocolatarias convidavam os ativistas com café e chocolate, enquanto veículos de empresas e vizinhos percorriam a área oferecendo comida e bebidas quentes.

A convocatória incluiu a políticos e autoridades de todas as áreas, integrantes das associações de bairro, sindicatos, esportistas, artistas, comerciantes, trabalhadores e famílias completas com avôs e crianças incluídos.

O espírito dominante foi o bom humor e a satisfação de colaborar pela cidade.
Vanesa Vicente, uma das organizadoras da Rede Solidária, disse a Telam que “isso é uma alegria imensa, e não só fazemos isso pelo turismo, que precisa de imagens assim, mas por ver a nossa cidade como queremos”.

Além dos vizinhos colaboraram alguns turistas, como o filipino Victor Santamaría, quem percorre em motocicleta o continente desde o Canadá a Ushuaia, e não só tirou fotos como também pegou a pá. “É emocionante ver uma comunidade limpando sua cidade, nunca vi nada igual”, disse à imprensa.

Os residentes expressaram com humor até seu sofrimento. “Que bom negócio, vender anti-inflamatórios”, disse um, e outro confessou: “Se minha mulher soubesse me mataria, ainda tenho que tirar quase mil quilos de areia da minha casa”.

Uma mulher ficou chateada com os vizinhos de um prédio de 40 apartamentos cuja frente não apresentava rastros de limpeza: “Me digam se não podem juntar dinheiro para contratar nem que seja uma pessoa, além de descuidados são pouco solidários, com tantas pessoas que estão desempregadas, achariam ótimo esse trabalho”, remarcou.

Hoje a tarefa será encerrada às 16h e no próximo final de semana chegará ao setor sul, nos bairros mais humildes da cidade, sempre em setores onde haja pavimento, porque não removem areia acumulada sobre o solo de terra.

Os organizadores estimaram que precisarão de uns 15 dias para limpar a cidade inteira, embora hoje, ao ver a resposta dos vizinhos, calcularam que poderia ser menos. 

“Se sempre contamos com esta quantidade de vizinhos, talvez entre oito e dez dias terminamos”, expressou Vicente. 

Edição: Turismo daqui para o mundo

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